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Emoções em movimento

Em um primeiro momento a incontinência urinária parece se tratar exclusivamente de uma dificuldade física, mas o que poucos sabem é que os escapes de urina podem afetar as emoções de forma ainda mais dramática. Quando você aprende a superar os efeitos emocionais da incontinência, nada conseguirá detê-lo de viver uma vida normal.

 

Homens versus Mulheres e as emoções na Incontinência Urinária

Sentimentos relacionados com a incontinência variam dependendo amplamente das circunstâncias e da pessoa, afirma Nancy Muller, diretora executiva da National Association for Continence – Associação Nacional Americana de Incontinência Urinária que oferece suporte aos incontinentes.

"Os homens geralmente ficam perplexos, devastados, irritados e frustrados", diz Muller. Em contraste, as mulheres geralmente demonstram constrangimento, relutância em falar abertamente sobre o assunto e até mesmo culpa, diz ela. "Elas acreditam em mitos, como a crença equivocada de que a incontinência faz parte do envelhecimento ou parte da vida de toda mulher, e, portanto, algo a aceitar e conviver", afirma ela.

 

Vencendo a vergonha e o medo

Betsy Lampe tem incontinência urinária, desde que passou por uma cirurgia de histerectomia no início da década de 90, e ela sabe mais do que ninguém sobre os altos e baixos dessa condição. "Eu dou palestras nas áreas de escrita e publicação, e sempre insisto em ter um palanque", diz Lampe. "Não porque faço questão de ser o centro das atenções ou porque preciso de algo para ler, mas para conseguir disfarçar caso um escape de urina ocorra durante a apresentação".

O maior medo de uma pessoa com incontinência urinária é sofrer um acidente de escape de urina em público, aí começam todos os problemas emocionais, diz Cheryle Gartley, fundador e presidente da The Simon Foundation for Continence - organização sem fins lucrativos que visa aumentar a consciência pública sobre a incontinência urinária.

As pessoas deixam de sair para ficar em casa temendo um acidente na rua. "Esse comportamento leva ao isolamento, que leva a um ciclo de depressão, roubando as pessoas de seus mecanismos de enfrentamento", afirma Gartley. O primeiro passo necessário é reconhecer o problema, afirma Gartley. "Conversamos com milhares de pessoas todos os anos e muitas vezes elas não percebem como isso afetou suas vidas", afirma ela. "Palavras específicas surgem como 'costumava fazer', 'costumava ir'. "Eu costumava jogar tênis; eu costumava ser ativo em minha igreja."

Dr. Susan Bartell, um psicólogo especializado em problemas familiares, sugere que você dedique um tempo do seu dia para planejar e colocar em prática uma atividade diferente da sua rotina. "Não precisa ser complexa, uma atividade física, uma caminhada ou uma corrida na praça e com o tempo você começa a perceber que o isolamento não é necessário." Afirma ela.

De fato, manter-se ativo, socialmente e psicologicamente, é a melhor receita para combater sentimentos depressivos. O convívio social alivia os pensamentos negativos, descobrir que todos temos problemas e você não está sozinho é parte importante do processo de aceitação. A atividade física promove a liberação de endorfina, proteínas do cérebro que agem como analgésico natural. Quando endorfinas são liberadas, a pessoa pode ter sensações de euforia o que acaba levantando seu humor e o sentimento que você tem por si mesmo.

Lampe não se deixa abater pela incontinência urinária e garante que consegue trabalhar e se divertir com todo entusiasmo que a vida merece. "Não deixo de fazer absolutamente nada. Eu apenas planejo o dia antes de sair de casa para que tudo dê certo mesmo com incontinência". "Eu pratico jet-ski por prazer... e quando necessário, ajudo a carregar caixas no trabalho...Eu não deixo a incontinência ou sequer a ameaça de um acidente, me transformar em uma pessoa sedentária."

 

Superando a depressão

Superar o diagnóstico é o primeiro passo para se livrar dos pensamentos negativos que podem se desenvolver para um quadro depressivo profundo, comenta Missy Lavender, que viveu na pele os impactos negativos do diagnóstico.

Lavender tornou-se incontinente após o parto assistido por fórceps do seu primeiro filho, despertando na manhã seguinte após o parto em completa descrença. Os livros não mencionavam a incontinência pós-parto e isso partiu o coração de Lavender. "Nada do que pesquisei na internet se aproximava do que tinha acontecido comigo. Eu estava extremamente chateada e deprimida com tudo aquilo."

Até que Lavender conheceu um médico uroginecologista que a guiou nos primeiros passos da incontinência: conhecimento e aceitação para posterior administração e tratamento. "Os anos que antecederam a reconstrução pélvica completa em dezembro de 2001 foram desafiadores. Demorou para que eu voltasse a me sentir bem comigo mesma." Relembra. "Anos após a cirurgia pélvica ainda tenho dificuldades de lidar com o assunto. É uma luta diária, estou trabalhando para voltar a me sentir uma mulher de verdade. A me olhar no espelho e amar a mulher que está ali."

Lavender se dedica a empoderar mulheres que enfrentam as mesmas dificuldades por meio da Women's Health Foundation – organização americana que promove empoderamento feminino na área da saúde. A fundação oferece um programa inteiramente dedicado a incontinência urinária. Nele, as mulheres são apresentadas aos exercícios para fortalecimento do assoalho pélvico, bem como à anatomia de seu próprio corpo. Médicos acreditam que compreender a si mesmo é o primeiro passo em direção a cura.

Além de se informar sobre os aspectos médicos da incontinência, é importante ressaltar que existem outras pessoas que estão compartilhando a mesma experiência que você, afirma o Dr. Bartell.

Algumas pessoas não estão dispostas a compartilhar seus sentimentos com as outras, incluindo até mesmo o próprio cônjuge. "Compartilhar os sentimentos com seu cônjuge é tão importante quanto buscar ajuda de um profissional." confirma Bartell.

"Procure um terapeuta para te ajudar a compreender os sentimentos e apoiar as mudanças. Seja honesto consigo mesmo. Se abra com os outros, guardar para si contribui para o aumento do peso do fardo que carrega."

Procure a ajuda de um médico para discutir formas de administrar a incontinência urinária de forma física e emocional. Ele pode orientá-lo sobre as opções de tratamento específicas para seu tipo de incontinência e natureza física, além de oferecer ideias para administrar os sintomas da melhor maneira possível de forma que você leve uma vida normal. "Após transferir a responsabilidade do subconsciente para o consciente, você está hábil a tomar decisões a respeito", afirma Gartley. "À medida que você vive a todo vapor, as coisas começam a andar na direção certa e você se transforma em um gestor, isso tem impacto direto no domínio da incontinência."

 

 

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