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Incontinência urinária na gravidez

Incontinência urinária na gravidez

A gravidez é um momento marcante na vida da mulher. Mas nem tudo são flores! Apesar da felicidade e da excitação de saber que brevemente será mãe, a gravidez também pode fazer a gestante sentir-se para baixo.


Enjoos, cansaço, sono excessivo, azia, dor na barriga, pernas inchadas, instabilidade emocional, vontade de urinar a toda hora, aparecimento de estrias e por fim, escapes de urina são apenas alguns dos sinais e sintomas inconvenientes da gravidez.


Conversamos com o uroginecologista Robert A. Starr, do Hospital Beaumont em Royal Oak, Michigan, EUA, para discutir sobre os escapes de urina durante e após a gravidez.


"Há coisas que podem ser feitas a respeito, mas pra isso precisamos todos estar dispostos a dialogar abertamente sobre o assunto.", disse o Dr. Starr. "Estamos melhorando, como médicos, enfermeiros e profissionais da área de saúde, perguntando às pacientes sobre os escapes de urina, embora eu particularmente acredite que há espaço para melhorias do lado dos profissionais".


“É confortante quando sabemos que não estamos sozinhos, por isso sempre deixo claro para minhas pacientes que uma em cada 4 mulheres pode desenvolver incontinência urinária ao longo da vida.” Dr. Starr é a favor do diálogo e da proatividade das mulheres. Hoje em dia as opções são variadas e eficazes, então nos resta aplicá-las de acordo com a sua natureza.



O que causa a incontinência urinária na gravidez


Segundo o Dr. Starr os escapes de urina na gravidez acontecem por uma combinação de fatores. Além de raça, idade e histórico familiar, algumas mulheres são geneticamente predispostas a apresentarem os sintomas, outras não. O fumo também contribui para o agravamento dos sintomas. Qualquer processo de inflamação dos brônquios pode ser prejudicial devido ao excesso de pressão a que são submetidos os órgãos do assoalho pélvico.


"O tamanho e peso do útero em crescimento recaem sobre a bexiga e a irritam, produzindo o efeito de aumentar a frequência da micção, piorando à medida que a gravidez progride", afirma o Dr. Starr, "Mulheres que vivenciaram um quadro de escapes de urina ao longo da vida, muito antes mesmo da gestação, poderão sofrer com o agravamento dos sintomas no pós parto".


O Dr. Starr explica que a frouxidão fisiológica programada da musculatura do assoalho pélvico, permite uma “descida” adicional de toda a musculatura da pelve, quando a mulher tosse ou espirra, fazendo com que a incontinência urinária de esforço, também seja mais observada, pois nesta circunstância, a pressão no interior da bexiga ultrapassa a pressão da uretra, e as perdas urinárias ocorrem involuntariamente.


"Outro detalhe a ser considerado um fator de risco diz respeito ao tamanho do bebê em relação ao tamanho do quadril. Quanto maior o bebê maior será o esforço na hora do parto e maiores serão as contribuições para a incontinência urinária pós-parto."

Durante o parto normal haverá momentos em que uma assistência obstétrica será necessária. Quando a gestante está exausta ou a frequência cardíaca do feto está fora dos padrões uma intervenção é necessária no sentido de agilizar o parto. Neste momento utilizam-se técnicas de parto assistido. O uso do fórceps ou vácuo extrator são as opções modernas para auxiliar no parto mesmo estando associado a um fator de risco um pouco maior para o desenvolvimento da incontinência urinária no pós-parto.


A episiotomia, uma incisão cirúrgica efetuada na região do períneo para ampliar o canal do parto, foi por muito tempo considerada uma medida de proteção contra lesões do assoalho pélvico. "Graças aos avanços na medicina, foi provado que a episiotomia pode agravar as complicações do pós-parto na região do assoalho pélvico, portanto, após algumas mudanças de regulamentação, hoje em dia o procedimento é utilizado apenas em casos de extrema necessidade", afirma Dr. Starr.



Escapes de urina no pós-parto

As mulheres têm questionado o Dr. Starr: "Como pode ser possível apresentar os sintomas de escapes de urina 20 anos após o parto?".

O parto é um dos fatores que contribuem para incontinência urinária tardia. "Estudos confirmam que um terço das mulheres que deram à luz em parto normal pode desenvolver algum grau de incontinência urinária por um período de 3 a 6 meses após o parto." segundo o Dr. Starr.


"Injúrias no assoalho pélvico, músculos e nervos justificam o surgimento da incontinência urinária meses após o parto. Não é discutida a questão do que acontece com os nervos do assoalho pélvico. Muitas vezes, pequenas ramificações dos nervos são danificadas durante o parto. Com o passar do tempo, esses músculos perdem a força e atrofiam. Por isso a razão do atraso nos escapes de urina. Digamos que esta seja a última gota de um processo de degradação em curso decorrente do pós-parto".



Quais são as opções de tratamento para a incontinência urinária na gravidez?


Dr. Starr sugere trabalhar no que estiver ao nosso alcance. Algumas modificações simples: parar de fumar, especialmente durante a gravidez, controlar tosses e espirros.


Dicas para colocar em prática hoje mesmo:

  • Pratique os exercícios de Kegel

Exercitar o assoalho pélvico, com os exercícios de Kegel podem ser um alívio para mulheres que desenvolvem incontinência urinária pós-parto.

"É útil para mulheres que sofrem de incontinência urinária de estresse e urgência", afirma o Dr. Starr, referindo-se aos dois tipos mais comuns.

É especialmente útil sob a orientação de um fisioterapeuta ou enfermeiro da área, profissionais treinados para conscientizar as mulheres dos benefícios da prática regular dos exercícios. Dr. Starr ressalta: "Pode nem sempre curar a incontinência urinária, mas geralmente atua moderando os sintomas".


Quando perguntado se é seguro praticar os exercícios durante a gravidez, o Dr. Starr é categórico:

"Certamente não vai doer nada! Não há risco para a gravidez e muito menos para a mãe. Exercitar o assoalho pélvico é garantir um assoalho pélvico saudável. Quando você pratica os exercícios da maneira correta e regularmente, você prepara o terreno para o pós-parto. Todos sabemos que se exercitar é um fator de diferença em termos de redução e até prevenção da incontinência pós-parto."

  • Acompanhe o ganho de peso na gravidez

"Certamente, a gravidez não é a melhor hora de começar uma dieta", comenta o Dr. Starr, "Embora, seja o momento de iniciar uma alimentação saudável rica em nutrientes."

Se você nunca se preocupou com sua alimentação chegou a hora de procurar um nutricionista para te ajudar a criar um plano de reeducação alimentar para que você possa se alimentar bem e na medida certa, sem que tenha que recorrer a remédios para emagrecer.


O excesso de peso colabora para o agravamento dos sintomas da incontinência urinária de forma mecânica, uma vez que o peso na região abdominal, aumenta a pressão sobre o abdômen e como consequência sobre a bexiga e uretra, provocando a perda de urina.

  • A conduta obstétrica e suas controvérsias

Como o parto normal é fortemente associado ao prolapso e à incontinência urinária, as gestantes questionam sobre a opção da cesariana eletiva ser uma alternativa ao parto normal.


Isso atraiu tanta atenção que os Institutos Nacionais de Saúde - Agência Nacional de Saúde dos EUA - patrocinaram um estudo. Especialistas de diversas disciplinas se reuniram para analisar a literatura e chegar a um consenso comum.


Dr. Starr explicou: "Com base no que foi levantado até o momento atual, os dados científicos sobre este tópico não são suficientes para justificar uma cesárea eletiva. Há muitos pontos para serem colocados na balança, incluindo o risco potencial de uma cirurgia, por exemplo. Por isso, não se recomenda a cesariana eletiva com base neste argumento."

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