Como Gozar a Maturidade

Como Gozar a Maturidade

30/05/2023 -

OS “7 AS” DA REVOLUÇÃO DA BELA VELHICE

Por Mirian Goldenberg

 

Quando Plenitud® me convidou para escrever sobre Longevidade, resolvi escrever um texto muito especial apresentando, pela primeira vez, o que classifiquei como “Os 7As da Revolução da Bela Velhice”.

Há mais de três décadas venho pesquisando os caminhos para construir a Bela Velhice, com mais saúde, liberdade e felicidade. Escrevi 30 livros sobre o tema, alguns publicados na Alemanha, Portugal, Coreia do Sul e Turquia. Meu TEDx “A invenção de uma bela velhice” tem quase 1 milhão e 300 mil visualizações no YouTube, sendo um dos mais assistidos em todo o Brasil. Atualmente, estou realizando um pós-doutorado em Psicologia Social tendo como foco “a arte de gozar a maturidade”.

Realizei uma pesquisa antropológica com mais de 5 mil mulheres e homens, especialmente da cidade do Rio de Janeiro e de São Paulo, por meio de questionários e entrevistas presenciais e on-line, para refletir sobre as representações e os significados do envelhecimento em diferentes gerações. Após ouvir milhares de histórias sobre medos, vergonhas e sonhos associados ao envelhecimento, o que de mais importante eu aprendi para gozar minha própria maturidade?

Apesar das inegáveis diferenças e singularidades entre as milhares de pessoas que já entrevistei, encontrei “7 AS” entre aquelas que estão fazendo uma verdadeira “Revolução da Bela Velhice”.

 

1.    Autonomia

O que as pessoas mais velhas mais valorizam é a autonomia. Para elas, a perda de autonomia é uma espécie de “morte simbólica”. Sentem-se desrespeitadas quando filhos, netos e outros parentes as chamam de “teimosas, difíceis, malucas, sem noção, ridículas”, porque querem continuar decidindo como viver suas vidas, gastar o próprio dinheiro, escolher o que podem ou não podem mais vestir, se deixam o cabelo branco ou pintam de rosa, verde ou azul, se querem namorar ou se aposentar do sexo etc.

No entanto, muitas me disseram que, com a maturidade, aprenderam a ter a coragem de dizer “não”, de ligar o botão da libertação e de fazer uma verdadeira faxina existencial em suas vidas, deletando todos os vampiros emocionais que só criticam, ofendem e buscam destruir a sua autonomia, liberdade e independência. Elas passaram a não se preocupar tanto com as opiniões, os julgamentos e as patrulhas dos outros e descobriram a coragem de serem elas mesmas: autênticas, plenas e sem vergonha dos próprios desejos e comportamentos.

As mulheres mais velhas não querem ser invisíveis, transparentes e descartáveis. O que mais escutei das mulheres com mais de 50, 60, 70, 80 e até mais de 90 anos é a seguinte frase:

“Nunca fui tão livre, nunca fui tão feliz, é a primeira vez que eu posso ser eu mesma. É o momento mais feliz de toda a minha vida. É uma verdadeira revolução”.

Sempre repito como um mantra: o jovem de hoje é o velho de amanhã. É preciso aprender a respeitar a autonomia dos mais velhos para, amanhã, quando nossos filhos e netos envelhecerem, também serem respeitados.

 

2.    Amizade

As mulheres me disseram que são as amigas que cuidam, que escutam, que levam ao médico, que saem para passear, que conversam, que dão risadas juntas. Elas falaram muito mais das amigas do que dos filhos e netos.

Elas enfatizaram que os maiores ganhos da maturidade são: a liberdade tardiamente conquistada e a valorização do papel das amigas, como fonte de apoio, de intimidade e de cuidado.

Elas querem ser “donas do próprio tempo”. O tempo é, para elas, a maior riqueza, e o tempo da maturidade é um tempo de liberdade e de amizade.

Já os homens mais velhos falaram mais da família, da esposa, da casa, dos filhos e dos netos. Falaram também da importância de ter um projeto de vida: eles querem continuar sendo úteis, ativos e produtivos.

 

3.    Amor

Muitas mulheres e homens que pesquisei encontraram o amor na maturidade. Depois de ficarem viúvos ou se divorciarem, acabaram encontrando um amor mais companheiro, mais tranquilo e mais leve.

É interessante destacar que, na minha pesquisa atual, estou entrevistando mulheres com mais de 60, de 70 e até mesmo de mais de 80 anos, que se tornaram usuárias de aplicativos de relacionamento e encontraram namorados bem mais jovens. Elas me contaram que, pela primeira vez na vida, sentem-se mais felizes e satisfeitas no amor e no sexo.

 

4.    Aprendizado

Um dos aspectos mais importantes das minhas pesquisas é a importância da curiosidade e do aprendizado constantes para construir a Bela Velhice.

Apenas para dar um exemplo, entre os inúmeros que tenho nas minhas pesquisas, conheci minha melhor amiga, Thais, de 97 anos, em um curso que ministrei na Casa do Saber sobre “A Revolução da Bela Velhice: projetos de vida e busca de significado”, em 2013.

Thais foi a minha aluna mais dedicada e agradeceu muito por ter aprendido “a arte de dizer não”. Ela é muito ocupada com seus nove filhos, 18 netos e 12 bisnetos; é responsável por todas as tarefas domésticas; faz todos os pagamentos e compras de supermercado, farmácia e livros pelo celular. Na pandemia, ela começou um curso de italiano em um aplicativo e já está em um nível bem avançado, pois estuda diariamente durante duas horas.

Todos os dias conversamos por telefone, e ela sempre me dá dicas de bons livros, filmes e séries para assistir. Minha melhor amiga, Thais, aos 97 anos, é o melhor exemplo de como a curiosidade nunca morre e que o aprendizado constante é um motor necessário para viver com plenitude e alegria todas as fases da vida.

 

5.    Autenticidade

No meu livro, “A arte de gozar: amor, sexo e tesão na maturidade”, mostro que Rita Lee, aos 73 anos, afirmou que tinha “tesão na alma”. Ela disse que “trepou a vida inteira” e que agora tinha vontade de ler mais, aprender coisas novas, pintar, lavar louça, arrumar a cama e outras tarefas “fantásticas”. Rita Lee buscou ser autêntica, ser ela mesma, em todas as fases de sua vida, e nunca parou de aprender coisas novas:

“Tudo muda o tempo todo. Aos 73 anos, por exemplo, tenho meus cabelos brancos. Já fui loirajá fui ruiva – que era um Sol na cabeçae agora tenho a Lua comigo. Sinto também um vetor da vida que transforma o desejo. Já transei pra caramba e, agora, tenho mais tesão na alma. Um prazer que é despertado por um bom livro, meditação; quando tento me comunicar telepaticamente com irmãos das estrelas, com meus rituais espirituais”.

Tive a alegria de entrevistar o médico Ivo Pitanguy quando ele tinha quase 90 anos. Ele me ensinou que o lema para a Bela Velhice deveria ser: “Eu não preciso mais, mas eu quero!”, mostrando que precisamos estar abertos, curiosos e flexíveis para aprender coisas novas todos os dias:

“Pode parecer clichê, mas é a mais pura verdade: o passado não existe mais, e o futuro ainda não chegou. Só existe o momento presente. É preciso ter a alegria e o encantamento de viver intensamente cada momento, e aprender coisas novas todos os dias. É preciso ter tesão pela vida. Sempre considerei o meu tempo o meu bem mais precioso. Eu tenho alegria de viver cada momento da minha vida. Eu nunca parei de trabalhar. Trabalho o dia inteiro com muito prazer. Não penso em me aposentar. O mais importante para encarar a velhice numa boa é não levar a velhice tão a sério, rir um pouco dela e rir de mim mesmo. Cada problema que aparece eu penso: se for só isso, dá para administrar. Vou me adaptando ao momento presente: se não consigo mais correr, ando um pouco mais devagar. Se não consigo mais beber como antes, tomo só uma dose de uísque. Mas a vida continua”.

 

6.    Alma

“A verdadeira beleza é a beleza da nossa alma e a beleza do nosso coração, não a beleza do corpo, da juventude, da aparência. As pessoas precisam aprender a enxergar e cultivar a beleza da alma e do coração”, afirmou Ivo Pitanguy na nossa conversa.

¨Nossa alma é eterna, ela nunca envelhece, ela floresce com o tempo¨, disse minha amiga Nalva, de 94 anos, uma escritora e pianista maravilhosa:

“A idade cronológica é a idade civil, a que está registrada no cartório, é o dia em que eu nasci. Tem também a idade biológica: o corpo, a saúde, a lucidez, a memória. E tem a idade da alma, que é a mesma desde que eu nasci. Nunca deixei de ser a criança que um dia eu fui. Minha alma só se alimenta de coisas belas e boas: da natureza, da música, da amizade e do amor. Meu corpo pode ter 94 anos, mas a minha alma é eterna e imortal. O velho que ainda tem projetos de vida pode até ter alguma limitação física, mas a sua alma está plena. Apesar de ter 94 anos, minha alma não é velha e me sinto totalmente plena realizando meus projetos, cantando, dançando, tocando piano, escrevendo, participando de ações de caridade. Minhas filhas falam para eu desacelerar, dizem que não preciso mais fazer tantas coisas. Elas querem que eu pare, mas a minha alma precisa continuar crescendo, aprendendo e amando. Velho é quem se aposentou da vida, quem não tem projetos, quem não tem mais alegria de viver. Eu não sou velha, sou uma flor do outono. A alma não envelhece com a idade, ela floresce”.

 

7.    Alegria

“Rir é sempre o melhor remédio”, disse Kátia, uma médica ginecologista de 63 anos. Para ela, as pessoas que dão muitas risadas, que sabem rir de si mesmas, ficam menos doentes e estão sempre cercadas de amigos e de amores.

“Sabe de uma coisa que descobri tarde demais? A gente passa a vida inteira tentando agradar ao outro: os filhos, o marido, os amigos. Só agora, descobri que tenho que aprender a agradar a mim mesma. Passei a vida inteira dependendo do olhar e da aprovação dos outros. As pessoas e as coisas que me fazem rir me mostram o caminho que devo seguir na minha maturidade. É a melhor terapia e ajuda a envelhecer com saúde. Rir é a melhor prevenção contra a depressão e as doenças da velhice... Hoje, eu faço muita piada de mim mesma. Sou desastrada, levo tombo, falo bobagem. Tenho um amigo que me faz chorar de rir. Quando eu rio de gargalhar, eu sinto que rejuvenesço, fico mais saudável, mais bonita, mais atraente e até mais inteligente. A melhor terapia é rir de mim mesma. E o melhor: é de graça. A graça é uma graça de graça!”

 

Como gozar a maturidade

As ideias de renascer, florescer, desabrochar apareceram nos discursos das mulheres maduras, sempre associadas ao fato de elas fazerem, hoje, as coisas de que mais gostam: estudar, ler, sair, conversar com as amigas, ter tempo para si, viajar, brincar, se divertir e rir muito mais.

Para elas, a maior riqueza da maturidade é a liberdade que conquistaram. Consideram uma verdadeira libertação conseguir tirar o foco do olhar e da opinião dos outros. Pela primeira vez na vida, elas passaram a olhar e cuidar de si mesmas com o mesmo carinho que sempre dedicaram aos filhos, aos maridos e aos familiares. Com a maturidade, estão mais comprometidas com a própria felicidade e liberdade, e menos preocupadas em atender às expectativas e às demandas dos outros.

A beleza da maturidade está, exatamente, na sua singularidade, nas pequenas e grandes escolhas que cada mulher faz ao buscar concretizar os seus sonhos e projetos de vida.

Cabe lembrar que as mulheres maduras de hoje são fruto de uma geração que fez uma verdadeira revolução comportamental nos anos de 1960, questionando estigmas e preconceitos relacionados ao corpo, ao sexo, ao casamento, à família, ao amor, ao trabalho etc. Essa geração envelheceu, mas não se aposentou de si mesma: continua tendo sonhos e projetos de vida, criando, trabalhando, dançando, cantando, estudando, viajando, amando e muito mais. É uma geração que não aceita rótulos e etiquetas e está inventando uma nova forma de envelhecer, assim como inventou uma nova forma de ser jovem no século passado. Ela é protagonista de uma verdadeira revolução comportamental e simbólica das mulheres maduras, talvez a mais importante do século XXI. É o que eu chamo de “Revolução da Bela Velhice”.

Sou professora, pesquisadora e especialista na questão sobre envelhecimento e felicidade, mas sou também uma mulher que busca encontrar os caminhos para gozar plenamente a própria maturidade, com mais humor, sabor e amor. Como as mulheres que eu venho pesquisando nas últimas três décadas, hoje eu me sinto mais livre para rir, brincar e me divertir muito mais. Sou mais livre para “ser eu mesma”.

Quero então concluir lembrando que Plenitud® é uma marca aliada da autonomia, da amizade, do amor, do aprendizado, da autenticidade e da alegria das mulheres. Plenitud®, sempre recomendando que as mulheres procurem especialistas para tratar a incontinência urinária, quer que as mulheres se sintam mais seguras, confiantes e protegidas para rir, brincar e dar risadas e, assim, descubram como gozar a maturidade com mais autenticidade, liberdade e felicidade.

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